9.3.10

Dia Internacional da Mulher

Hoje eu não estava muito afim de levantar cedo. Porem havia me comprometido em tirar fotos junto com o meu projeto TCE (Total Control of the Epidemic), por conta do dia internacional da mulher. Aqui em Zâmbia e feriado nacional. Eu imaginava que seria apenas um evento organizado pelo TCE, por isso fui com um pouco de ma vontade.
Estávamos atrasadas fomos na carroça do carro com o Jabez (líder do projeto). Não precisou ir muito a frente pois a passeata já estava perto de nos.
Descemos do carro e entramos na passeata como o ultimo grupo, diferente do que eu imaginava aquele não era um evento organizado pelo TCE, haviam outros grupos de mulheres nesta passeata. Ao ver aquela quantidade de mulher na rua fiquei me questionando se este evento precisa de algum organizador ou se independente de qualquer coisa ele iria acontecer.

Enfim, não sei ainda explicar como essa reunião acontece. O que eu sei e que, tudo o que eu tive que passar para chegar aqui valeu a pena. A minha cabeça estava a mil. Vendo centenas de mulheres com roupas tradicionais, cantando, marchando e comemorando o dia que e seu. Fiquei muito emocionada, acompanhada de um arrepio que nunca senti antes e consequentemente do choro que tentei e consegui controlar somente por alguns minutos. Foi ai que pude ver a solidariedade e a noção de irmandade que as mulheres africana possuem entre elas, digo, entre nos. Uma mulher linda veio ate mim e disse: “My sister don`t cry, because today is our”(minha irmã não chore, porque esse dia e nosso). Eu disse que ia para de chorar e ela voltou para a passeata dançando e com o mesmo sorriso e felicidade que veio ate mim. Mas naquele momento não tive tempo de fazer muitas reflexões sobre isso. Mas rapidamente o que pude pensar e que esta mulher não me vê como pertencente de sua tribo ( Tonga) porque não falou comigo na sua língua local e sim em inglês. Porem o sentido de irmandade em África não se restringe a tribo e sim a toda comunidade de mulheres negras. Fiquei na duvida se ela sabia ou não que eu não era Zambiana, enfim. O que importa que ela estava certa, eu deveria aproveitar o meu dia.
Resolvi não perder mais nem um minuto. Me deu uma vontade louca de correr. Como sou livre e aqui me sinto desta forma, CORRI. Desci o restante da rua rindo e correndo com minha maquina fotográfica na mão. Tinha uma outra mulher com uma maquina muito mais poderosa que minha, era uma mulher loira que ao me ver correndo, conscidência ou não resolveu fazer o mesmo.
Pude perceber que por onde eu passava as mulheres na passeata acenavam para mim. Parei, e comecei a fotografa-las. Mas não acontecia o mesmo com a outra fotografa. O que fez com que ela ficasse na aba dos acenos e sorrisos que eram para mim. Fiquei ainda mais orgulhosa das mulheres Zambianas.
Nesta passeata todas as mulheres tinham o seu grupo com a mesma estampa de pano. Tinha o grupo das enfermeiras e medicas, policiais, ministras e suas secretarias, das mães com seus filhos nas costas, das vendedoras ambulantes com seus produtos a venda na cabeça. Nem um grupo foi esquecido.
O papel dos homens nesta festa e bem definido, seu papel e carregar as faixas, organizar o transito, fazer declarações de reconhecimento do papel da mulher na comunidade zambiana e dançar para nos ou bater palmas ao nos ver passar.
A passeata terminou em um campo enorme, onde já havia uma estrutura montada para dar continuidade a festa.
As apresentações começaram com grupo de mulheres dançando uma das mais tradicionais danças daqui. O que havia de mais interessante em todas as apresentações era que a interação do publico tornava as apresentações perfeitas , quando um grupo entrava para dancar, qualquer outra pessoa podia entrar também, desde que estivesse com um pano tradicional enrolado na cintura. Todos os grupos tiveram a participação de outras pessoas, que quando estas estavam na roda eram recebidos por gritos das outras que estavam do lado de fora. Quando a apresentação era boa as pessoas dançavam na roda, porem quando a apresentação era muito boa, as pessoas dançavam e davam dinheiro, e nessa hora a plateia ia a loucura.
Continuei a tirar minhas fotos e ficar felicíssima por me sentir pela primeira vez prestigiada pelo dia internacional da mulher.
O dia começou e terminou perfeito, sem chuvas e com o por do sol maravilhoso que pude ver da varanda de casa.

Ana Carolina Gomes

4 comentários:

  1. adorei a descrição e a idéia do bllog de viagens.
    muito emocinante o que vc passou. quando chegar , vcs bem que poderiam fazer uma exposição de fotos e uma roda de conversa. Parabens a vcs.
    grande abraço

    ResponderExcluir
  2. A idéa do rogério é massa, mas penso mais, na escrita de um livro e uns documentários, o que acha júlio?? e o nome jovens brasileiros(?) acho que negr@s brasileiros seria um ideal, mas enfim.. lindo o texto.. bjs bia

    ResponderExcluir
  3. Irmã continue com a simplicidade da escrita que é emocionante, parece até que estava junto a vcs enquanto lia.
    Se for fazer algo, faz em relação a sua emotividade pq vai dar certo, não se ponha uma agenda externa, pq sua experiência em si mesma já é um documento.

    Parabéns.

    ResponderExcluir
  4. Ual!Irmã,Muito emocionante!Estou até agora imaginando como é estar nesta caminhada.
    Ana Carolina a idéia de escrever um livro é importante,documentos escritos por nós ainda são poucos.

    Um bjo e resistência!

    ResponderExcluir